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Por Fabi Mariano
Menino só no nome, o prejuízo que o fenômeno climático El Niño pode causar é de gente grande. Os cientistas têm cravado projeções desastrosas e estimam que as perdas causadas podem chegar a UU$3,4 trilhões, (cerca de R$16,6 trilhões) na economia mundial nos próximos anos, isso porque a devastação pode ser tão grande que o mundo demoraria para se recuperar completamente e diversas atividades econômicas seriam afetadas anos após o evento.
O El Niño é conhecido como o fenômeno climático mais potente do mundo e causa enchentes, secas, doenças, tempestades, furacões e incêndios. Apocalíptico, não é? Como isso ocorre?
Prepara o mapinha que a meteorologia vai explicar: uma grande quantidade de água quente se movimenta lentamente através da zona tropical do Oceano Pacífico em direção à América do Sul, o que altera a temperatura dos oceanos. Esse deslocamento de água e calor acentua padrões climáticos em todo o mundo. Por isso, suas consequências são tão diversas e catastróficas.
E, infelizmente, os cientistas acertaram mais uma vez. O El Niño já se formou e deve ficar ainda mais forte no final deste ano e nos primeiros meses de 2024. A chance de os climatologistas acertarem em cheio nas previsões extremas é de 56%, já a probabilidade de pelo menos algo moderado acontecer é de 84%. Ou seja, algum impacto é quase certo.
Brasil: longa extensão territorial nos deixa mais vulneráveis
Nossa vantagem também pode ser nossa fraqueza quando se trata de El Niño. Pelo tamanho do Brasil, localização e diferentes características naturais, o efeito pode ser severo por aqui. A criação de ciclones, antes raros em terras brasileiras, já é observada com mais frequência. A alteração no regime de chuvas também não é mais novidade para o país que sofre com os extremos, secas ou enchentes.
As alterações climáticas atingem diversas atividades econômicas. Uma das mais afetadas é a agricultura que tem variação de até 80% na produção de acordo com as condições do clima. Outro setor que gera preocupação, principalmente no Brasil, é o de energia. Na matriz energética brasileira, as hidrelétricas representam 60%. Ou seja, fortes secas podem gerar riscos de racionamento e apagões.
Além do Brasil, os países mais vulneráveis do globo são: Austrália e Índia. Como consequência econômica direta, o aumento dos preços de alimentos é o mais provável, o que pressiona a inflação. E haja tempestade.
Natural, mas nem tanto
O fenômeno El Niño é natural, no entanto, o já conhecido aquecimento global tem acentuado sua força e consequências. De acordo com estudos do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter, a estimativa é que, caso as emissões de carbono não sejam reduzidas, os próximos El Niño podem elevar a temperatura global a níveis verdadeiramente catastróficos. Durante o fenômeno climático, a incidência de doenças aumenta de 2,5% a 28%. Além das tragédias que matam pessoas em deslizamentos, enchentes, queimadas e tempestades, o mundo sofre a longo prazo, com derretimento de geleiras, elevação do nível do mar, acidificação dos oceanos e destruição da camada de ozônio.
Pela força que promete ter neste ano, os cientista apelidaram o evento de “Super El Niño”, mas, no caso, ele está mais para vilão que herói….
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