Por Julia Gonzatto
Reajuste do mínimo pode chegar a R$1.412 em 2024.
R$ 1.045,00, R$ 1.100,00, R$ 1.212,00, R$ 1.320,00… Você sabe o que representam esses valores? Não, não é o prêmio da Mega-Sena e nem o custo de um novo produto top de linha.
A sequência de valores significa nada menos do que o histórico dos salários mínimos dos últimos 4 anos.
Criado no século XIX na Austrália e na Nova Zelândia e trazido ao Brasil em 1936 (há mais de 80 anos!), o salário mínimo foi decretado por Getúlio Vargas. O então atual presidente definiu que nenhum trabalhador contratado para atuar em uma jornada integral de 44 horas semanais poderia ganhar menos do que o valor determinado por lei. Na época, existiam 14 tipos diferentes de salário mínimo e a unificação total do valor ocorreu apenas em 1984.
O objetivo desse salário era possibilitar que todas as famílias tivessem condições de comprar o mínimo de alimentos preciso, além de manter os gastos mensais de moradia e transporte. Ao longo dos anos, porém, o poder de compra do consumidor brasileiro diminuiu muito – o preço das coisas aumentou e os salários não acompanharam. Mas por que o valor desse salário não é mais alto?
De forma resumida, a própria economia do país é o que limita o aumento do salário mínimo. Se o valor continuar a crescer significativamente, nem as empresas e nem o governo seria capaz de manter os gastos relativos a esses pagamentos – o que poderia aumentar, inclusive, o nível de desemprego. Se fossem levados em consideração os gastos que uma família média brasileira tem mensalmente, o salário mínimo ideal deveria ser próximo dos R$6.500 (um valor quase 5x maior que o atual), calcula o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Já o governo também tem seus próprios cálculos. Eles estimam que a cada R$1 de aumento no salário mínimo, R$389 milhões criam-se em despesas.
Apesar do valor do salário-mínimo ser sempre determinado pelos fatores econômicos e políticas sociais do país – além de levar em conta a inflação de acordo com o Índice Nacional de Preços ao consumidor – foi apenas em agosto desse ano que uma política de valorização do salário mínimo foi sancionada. Agora, a inflação e o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos dois últimos ano são levadas em consideração, o que leva ao aumento do valor acima da inflação.
E como fica o cenário para o próximo ano?
De acordo com a equipe do g1 e o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, o valor do salário mínimo ano que vem deve chegar a R$1.412 (um aumento de R$92 em comparação com 2023). Atualmente, segundo dados do Dieese, mais de 54 milhões de pessoas no Brasil usam o salário mínimo como referência – tanto trabalhadores quanto aposentados e beneficiários.
Em um árduo caminho para reduzir a desigualdade a alcançar uma maior inclusão social, ter essa referência de salário com um valor mais alto pode ajudar. E muito.
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