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- Economia do cuidado: você tiraria 1000 no Enem?
Por Fabi Mariano
O tema do Enem tomou as redes sociais e colocou em pauta um assunto não novo, mas ignorado muitas vezes: a economia do cuidado. Você sabe o que é?
Pelo Google a economia do cuidado: atividades desempenhadas por pessoas que se dedicam às necessidades de outras, assim como da criação e desenvolvimento de crianças e jovens.
Na realidade essa economia se traduz principalmente em atividades domésticas não remuneradas. As principais afetadas por esse tipo de cuidado invisível socialmente são as mulheres. De acordo com a organização internacional Oxfam (Comitê de Oxford para o Alívio da fome), as mulheres são responsáveis por três quartos do trabalho de cuidado não remunerado no mundo, ou, 12,5 bilhões de horas todos os dias.
Mas, o que isso tem a ver com a economia?
Muita coisa. A estimativa é que, se fossem remuneradas com pelo menos um salário mínimo pelas atividades domésticas e de cuidado, as mulheres teriam contribuído com US$10,9 trilhões para a economia global em 2020. Os dados são da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. No Brasil, se essa atitude fosse tomada, o PIB cresceria 13%, segundo estudo da FGV.
Além de não pagas: adoecidas
Manter a casa limpa, educar os filhos, cuidar dos idosos são tarefas que 75% das mulheres do mundo fazem sem remuneração. Além de afetar na produtividade em trabalhos remunerados, o esgotando físico e mental também tem impacto noviço na saúde do corpo. De acordo com pesquisa da Think Olga, 22% das mulheres se sentem sobrecarregadas, principalmente na faixa etária de 36 a 55 anos (57% cuidam de alguém). As consequências são: ansiedade, depressão, esgotamento, isolamento e altos níveis de estresse.
Tempo é dinheiro
E todo mundo concorda com essa frase. Colocando no relógio o tempo gasto pelas mulheres em tarefas de cuidado não remunerado, a desigualdade fica evidente. Enquanto as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais para esse tipo de atividade, os homens gastam 11,7 horas semanais. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNAD).
Os homens só alcançam o esforço feminino nos cuidados domésticos em uma situação: quando moram sozinhos.
Eu vejo a vida melhor no futuro
Apesar da diferença ser ainda considerável, a divisão de trabalho doméstico já melhorou. Mesmo que eles dediquem menos horas nas tarefas de casa e cuidados, mais homens têm se empenhado às obrigações do lar. Antes da pandemia, em 2019, a diferença média de horas desprendidas para cuidados da casa e pessoas entre homens e mulheres era de 10,6 horas, atualmente é de 9,6 horas.
E como mudar essa perspectiva? Além de trazer o assunto à tona para dar visibilidade à desigualdade, medidas públicas também podem auxiliar, como licenças parentais remuneradas, escolas e creches acessíveis em tempo integral e programas de educação e conscientização sobre a igualdade de gênero.
Além de impactarem na saúde e equidade para as mulheres, as medidas também podem movimentar significantemente a economia.
E aí? Está pronto para a redação “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”? A banca está de olho.
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