Por Julia Gonzatto

Deixar o destino decidir pode te aliviar na hora e perturbar depois

Nossas vidas muitas vezes nos deixam sobrecarregados com escolhas. Quando passamos o dia tentando decidir entre o caminho A ou o caminho B, entre terminar ou continuar, entre confrontar ou esquecer, tirar o peso dos ombros e deixar “a sorte escolher” pode ter mais vantagens do que parece.

Não que você precise  deixar de tomar decisões lógicas ou raciocinar para achar a melhor solução, mas, às vezes, o peso de ter que escolher e se comprometer pode causar mais danos ao seu psicológico do que as próprias consequências da escolha “errada”.

Basear suas escolhas na “sorte” é nada mais, nada menos do que se isentar do peso e da responsabilidade que ela traz. Se transferimos para uma moeda, por exemplo, a culpa por um resultado ruim, carregar o fardo de uma má escolha é muito mais fácil. O arrependimento é muito menor. Isso é o que os estudiosos chamam de “auxílios aleatórios de decisão”.

Uma pesquisa publicada na Oxford Academic revela que aqueles que fizeram uma mudança com base no “conselho” do cara ou coroa ficaram mais satisfeitos com sua decisão (e no geral, mais felizes com aqueles que não mudaram nada)  6 meses após a escolha. Em suma, girar uma moeda no ar não só te ajuda a decidir um caminho, mas te tira da paralisia da “não-escolha”, quando você opta por não fazer uma mudança só porque não consegue escolher qual a melhor alternativa.

Ao longo da história, diversas figuras importantes tomaram decisões baseadas na sorte ou no acaso. Nessa lista, separamos alguns dos casos mais emblemáticos:

Cargos públicos na Atenas Antiga: O centro da Grécia antiga usava o sorteio (na época chamado de “sortição”) para escolher muitos de seus cargos públicos. Acreditava-se que a escolha aleatória evitava corrupção e favorecia a igualdade entre os cidadãos.

Pirro de Épiro (século III a.C.): Acredita-se que Pirro, um general grego, usava métodos supersticiosos e às vezes lançava dados para tomar decisões militares importantes. Embora ele tivesse uma reputação de grande estrategista, suas vitórias frequentemente eram tão custosas que deram origem ao termo “vitória pírrica”.

Declaração de Independência dos Estados Unidos: Lembrado como um dos mais importantes autores da história americana, Thomas Jefferson não foi escolhido para redigir a declaração pela sua experiência ou sabedoria. Para decidir quem seria o responsável e principal autor, foi realizado um sorteio dentro do comitê selecionado. Hoje em dia, é impossível lembrar do ex-presidente e não pensar na Declaração de Independência das Treze Colônias.

Voto de Minerva: Hoje conhecido como um famoso método de “desempate”, o voto da deusa Minerva na mitologia romana foi usado em decisões importantes. Mencionado em vários relatos mitológicos, a deusa optava por deixar o acaso decidir em situações em que não fosse possível chegar a um consenso.

Não confunda a sorte com garantia de sucesso!

Embora a sorte desempenhe um papel importante em muitos casos de sucesso, afirmar que todos que foram bem-sucedidos só tiveram bons resultados por causa dela, seria uma grande mentira.  O sucesso, especialmente em grandes níveis, é, frequentemente, resultado de uma combinação de fatores, incluindo trabalho árduo, habilidades, circunstâncias e decisões estratégicas.

Por mais que jogar um dado, apostar no cara ou coroa, ou deixar o acaso decidir, possam ajudar em situações de dúvida ou na presença de muitas alternativas, quando nos fornecem uma direção clara para seguir, fazer uma escolha baseada nos fatos sempre trará maiores chances de sucesso.

Quando falamos do mercado financeiro, principalmente, entender que investir envolve mais do que simplesmente selecionar ativos de forma aleatória é muito importante. Um assessor de investimentos oferece orientação especializada, ajuda a gerenciar riscos e garante que suas decisões estejam alinhadas com seus objetivos financeiros, o que aumenta significativamente as chances de sucesso.

Investir usando apenas “a sorte” é como jogar no escuro, e as consequências podem ser desastrosas.