Por Fabi Mariano
60% das reservas do elemento estão na América do Sul
A alcunha de “petróleo do século XXI” não veio à toa, o Lítio é o minério que vai possibilitar a transição energética do mundo, principalmente no setor automobilístico, pois é um componente essencial para a fabricação dos carros elétricos e os, já em produção, carros voadores. A boa e má notícia para a América Latina é que 60% das reservas conhecidas no mundo estão do lado de cá do globo. Por que boa e por que má notícia? Vamos entender os dois lados da moeda.
Boa notícia!
Quem não quer ter em suas terras o elemento que promete revolucionar a economia? Todo mundo quer, literalmente. O chamado ouro branco promete movimentar os dados econômicos dos países da América do Sul, incluindo o Brasil, mas, principalmente, Argentina, Chile e Bolívia, que juntas possuem 52% das reservas de Lítio globais de acordo com o US Geological Survey. Além de ser fundamental para a fabricação de baterias para os tão sonhados carros elétricos, é usada também em aparelhos eletrônicos que não vivemos mais sem, como notebooks e smartphones.
No Brasil, o Lítio fala uai e está localizado especialmente em Minas Gerais, onde foi criado o Vale do Lítio, que deve se tornar um grande centro de produção do minério no país. A valorização do produto é notável, em 2022, o valor da tonelada subiu de US$14.000 para mais de US$80.000 e a estimativa é que aumente até 40 vezes até 2040.
Má notícia!
Colonizados mais uma vez? Essa é a grande preocupação para a América do Sul. A exportação do Lítio pode não ser a melhor estratégia de negócio e sim a construção de uma cadeia de produção completa para apoiar o desenvolvimento das indústrias locais. A mera venda do elemento pode limitar, mais uma vez, o crescimento econômico dos países “donos” da riqueza. China e EUA já duelam pela matéria-prima e ter uma infraestrutura para competir com as grandes potências pode ser muito difícil. Entre as principais dificuldades estão incertezas jurídicas, distância dos grandes centros consumidores, como EUA e Europa, e indústria com tecnologia defasada. Apenas Brasil e Chile possuem projetos de fábricas de veículos elétricos e de baterias instaladas em seus territórios.
O paradoxo ambiental
Para produzir a bateria de um iPhone são necessários 2 a 3 gramas de lítio, já para um Tesla Model S, 12 quilos. Segundo projeções da mineradora Rio Tinto, até 2030, 60% dos veículos devem ser elétricos, o que deve consumir 90% da produção de Lítio de todo o mundo. Ótimo para o meio ambiente? Nem tanto. Como toda extração, envolve riscos e danos. Os países onde estão as principais reservas devem pensar em uma política ambiental que pode ameaçar a expansão da produção. Na Europa, a pressão popular já mina (com trocadilhos) a exploração em países como Alemanha, Sérvia e Portugal. A energia limpa cobra um preço ambiental e talvez essa conta fique novamente para os países que não têm a possibilidade de dizer não, com dificuldade e limites para diversificação da economia.
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