Com licença, Apple e Microsoft…

Por Julia Gonzatto

Apesar da categoria de “empresa mais valiosa do mundo” ainda pertencer a uma companhia no ramo da tecnologia, o título não pertence mais às criações de Steve Jobs ou Bill Gates, mas à obra de Jensen Huang.

Depois do preço de suas ações atingir a máxima histórica na bolsa de valores no último dia 18, os US$3,34 trilhões, a fabricante de chips de computador firmou o seu lugar como empresa listada em bolsa mais valiosa. Mas por que, e mais importante, como, a Nvidia alcançou este marco em tão pouco tempo?

No final, tudo se resume a duas palavras: Inteligência Artificial.

De acordo com o seu fundador, a IA é a próxima revolução industrial. E justamente por isso, a sua companhia foi uma das primeiras a apostar na construção de produtos que fossem essenciais para a evolução dessa tecnologia.  “A IA trará ganhos significativos de produtividade para quase todos os setores e ajudará as empresas a serem mais eficientes em termos de custo e energia”, disse Jensen Huang. E o mercado comprou a ideia.

Como a Nvidia já era a empresa com o maior domínio sobre a produção do que muitos analistas vêm chamando de “novo ouro ou petróleo no setor tecnológico” – os chips que podem ser usados para aplicações de IA – e já cultivou uma grande comunidade de programadores que preferem a sua tecnologia ao invés da concorrência, foi fácil aproveitar a demanda em cima dos seus produtos e impulsionar de forma astronômica suas vendas e lucros.

Atualmente, as ações da companhia acumulam uma valorização de mais de 180% no ano. Ou seja, elas quase triplicaram de valor. Só no ano de 2024, elas cresceram US$2,16 trilhões – um valor praticamente igual ao do PIB brasileiro de 2023, que segundo o IBGE, somou US$2,17 trilhões. A fim de comparação, a empresa mais valiosa do Brasil, a Petrobras, equivale a 1/37 do valor de capitalização de mercado da Nvidia. É realmente impressionante.

Não à toa, a ascensão da fabricante de chips está entre as mais rápidas da história do mercado. E foi alimentada justamente pela sua capacidade de superar as expectativas de Wall Street.

Há oito anos atrás, as ações da companhia valiam menos de 1% do seu preço atual, e há menos de dois anos, seu valor era de “apenas” US$300 bilhões. O crescimento exponencial da Nvidia surpreendeu e superou a expectativa de muitos analistas. Mas quem acreditou e comprou uma porção das ações da companhia acredita que o valor subirá ainda mais nos próximos anos.

Para esses investidores, porém, o grande apelo não está nos lucros da companhia, mas sim no seu potencial de crescimento. A Apple e a Microsoft, por exemplo, geraram, cada uma, mais de US$21 bilhões em lucro durante os três primeiros meses deste ano. Já a Nvidia ficou com US$14,88 bilhões nesse mesmo trimestre. O que pode não parecer um número tão surpreendente, impacta quando comparado aos mesmos três meses de 2023 – o aumento foi de mais de 600%. E esse é apenas o começo.

Como Jensen Huang mesmo diz, “Estamos mudando fundamentalmente a forma como a computação funciona e o que os computadores podem fazer. A próxima revolução industrial começou”.