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- A fórmula perfeita existe?
Por Julia Gonzatto
Os economistas achavam que sim.
A Fórmula de Midas. Esse foi o nome dado para a equação matemática desenvolvida no século 20 que buscava alternativas para aqueles que gostariam de investir, mas não estavam dispostos a correr riscos com seu dinheiro. Até aquele momento, o consenso geral entre os corretores da bolsa era de que o sucesso no mercado financeiro dependia principalmente da escolha de critérios e da intuição humana. Ambos impossíveis de serem reduzidos a uma simples fórmula.
Mas o que parecia impossível para outros, era visto apenas como mais um desafio para os matemáticos, que passaram a buscar alternativas de controlar o mercado através dos números e da probabilidade, mesmo diante de uma suposta aleatoriedade.
Fischer Black e Myron Scholes foram aqueles que, depois de anos de pesquisas e teorias de diversos acadêmicos, conseguiram abordar o problema e chegar a uma solução. Pelo menos, eles acreditavam que sim.
Para que a fórmula pudesse definir corretamente o valor das opções (contratos que permitem a compra e venda de uma determinada ação por um determinado preço até uma determinada data), os estudiosos decidiram eliminar das equações tudo o que não pudesse ser medido com precisão. Se você não pode vencê-los, os descarte. Certo?
Certo! Surpreendentemente, Black e Scholes descobriram que essa simplificação não afetava os cálculos, mas sim os deixava apenas com os elementos essenciais para definir o valor de uma opção. Elementos esses, que poderiam ser medidos com exatidão: preço, volatilidade, duração do contrato, taxa de juros e nível de risco. Quer dizer, exceto o risco.
A próxima missão dos matemáticos foi, então, minimizar a importância deste fator através de uma técnica de cobertura, com apostas opostas. Essa pequena descoberta os levou a uma das mais importantes fórmulas econômicas do século 20.
E onde entra o mito de Midas?
O toque que transforma tudo em ouro ficou famoso na mitologia grega. O “superpoder” pertencia a Midas, rei da Frígia, que foi recompensado com um desejo após fazer uma boa ação para Sileno, seguidor do deus Dioniso.
Pensando que estava sendo esperto e “burlando” as regras do pedido ao escolher que tudo que tocasse se transformasse em ouro, ao invés de apenas pedir um objeto banhado no metal dourado, Midas se viu, na verdade, refém de uma maldição. Ele não conseguia mais comer ou beber, pois todos os alimentos em que encostava viravam metal. Dormir também tornou-se difícil, com sua cama antes macia, agora dura e gelada.
Em desespero e extremamente arrependido, Midas implorou que Dioniso revertesse o pedido.
E como isso se aplica à fórmula recém descoberta?
Assim como o toque de Midas, o modelo de Black-Scholes também surgiu como um desejo ambicioso. E quando começou a ser aplicado, encantou os operadores de bolsa, que com algumas contas e toques na calculadora, podiam chegar ao preço exato de qualquer opção a qualquer momento. Ela também trouxe resultados extremamente positivos, sendo responsável por sustentar o principal motor de crescimento para o setor financeiro na época.
O problema é que as opções de ações, assim como outros derivativos, não são dinheiro, mas sim “investimentos em cima de investimentos”. E ter poder e controle sobre eles, não significa necessariamente ter domínio das ações negociadas.
Por exemplo, com um contrato financeiro, você consegue comprar e vender uma commodity específica, em uma data específica, por um preço específico. Mas você não consegue colocar um valor sensato em uma opção de ação antes do seu vencimento.
Cenários de crise e imprevisibilidade acontecem com certa frequência no mundo dos negócios, e nenhum modelo matemático é capaz de prever situações como essas. Eles apenas operam com base no padrão previamente definido. Em outras palavras, não demorou muito para que eventos mundiais, como a queda do preço das ações na Tailândia, ou a quebra de bancos no Japão e Indonésia, desequilibrassem todos os cálculos dos modelos produzidos por Black e Scholes, que acabaram perdendo milhões de dólares no processo.
A moral da história?
Mesmo que a Fórmula de Midas tenha se provado não muito confiável, ainda existem milhares de pessoas que a utilizam todos os dias. A diferença? Elas não confiam na equação cegamente. Se fosse possível prever o futuro, investir em renda variável seria muito mais fácil. Mas essa não é a realidade. Por isso, é importante saber quando você pode confiar na matemática e quando é importante recorrer à própria intuição – algo que os números não conseguem fazer.
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